Após 15 anos sem fotografar com película, redescobri o maravilhoso mundo da fotografia analógica a preto e branco. Na era do digital, sinto que a fotografia analógica me obriga a investir tempo quando fotografo, planeando a imagem. Por outras palavras, obriga o meu olho mental a trabalhar, planeando a imagem que irei capturar, imaginando-a em cada fase da sua existência, no filme, na revelação, no ecrã e no papel.
A minha plataforma atual favorita é uma Mamiya RB 67 ProS, uma máquina de médio formato (película de 120 mm). Com ela consikgo fazer capturas nos formatos 6” x 4,5” ou 6” x 7” através da utilização de backs comutáveis, sem fotómetro (sim, leu bem, sem qualquer tipo de automação), visor invertido e ópticas cristalinas. A única real desvantagem deste sistema é o seu tamanho e peso com cerca de 3 Kg!
Numa abordagem mais prática utilizo uma Nikon FM2 (35 mm). Com o seu formato mais pequeno, é mais fácil de transportar e trai muito menos atenções. O formato 35 mm disponibiliza 36 a 39 exposições por rolo e apesar de mais pequeno, é a verdadeira “full frame”. Com um fotómetro simples e um visor normal é uma excelente plataforma para fazer imagens sem grandes complicações.
Então e depois? Fotografo em filme e depois o que faço com eles?
Bem, criei um pequeno laboratório com uma zona húmida numa casa de banho que converti, e uma zona seca separada.
Ás películas são processadas em tanques rotativos. Isto permite um processo mais simples, uma vez que apenas o carregamento da película nos tanques precisa de ser feito em total escuridão. Todas as etapas seguintes podem ser feitas com a luz acesa.
Para a impressão das imagens no papel, uso um ampliador Meopta 7, que permite películas até 6”x6” (na imagem aparece o modelo 6, mas é muito semelhante ao 7).
Finalmente a zona húmida para revelação e fixação do papel, criada com base numa mistura de mobílias ik*a adaptadas, uma lavadora de impressões feita por mim e um sistema de escoamento artesanal.
Um dia destes adiciono imagens do espaço.